segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Manhã de Sol

Abri os olhos

no susto

virei de lado

na cama

senti o vazio

no peito

lembrei da noite

na farra

lambi o vinho

nos lábios

chorei a sina

na fronha

maldisse a vida

na terra

pulei da cama

na marra

busquei alento

na praia

pesei as dores

no cais

ouvi as vozes

na brisa

lavei a alma

nas ondas

curei as chagas

e toquei o barco

domingo, 26 de setembro de 2010

lance

O LANCE É SE LANÇAR
LANÇAR SE É O LANCE

sábado, 25 de setembro de 2010

dois em três movimentos

I

Que nossa noite se ascenda
e nos brilhe no peito
a outra face da lua
gosto & sorriso
da pele
da bruma


II

Que nossa noite se estenda
e nos sirva de alimento
o sereno, o silêncio
pensamento
gesto impossivel, fogo lento
nossos corpos
copulando
noite adentro


III

Mergulho que nos age
em tudo
que nos toca
que nos funda
mergulho
que nos ache
em nós

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Mais um poema de amor louco

Noite vazia
De qualquer coisa que nos escapa
(mia a gata)
não fossemos nós e essa noite seria outra
(mia louca)
não fosse a noite
seríamos nós
noite afora
como loucos, nossas bocas
qualquer jeito
qualquer hora

Morena noite íngreme

Sentado, de pernas cruzadas na sala da madrugada quente, choro estrelas e terremotos enquanto teu relevo anoitece bem longe
Ah! Aquele vale verdejante sobre teu ombro, atrás da tua orelha...Mil noites solitárias sob o céu contigo passando por dentro e faltando. Dor, fruta azul borrada de samba.
Mas minha janela, minha janela é um portal de filósofos!
No bar da esquina do meu globo ocular o ar puro molha nossos pés , você está de saia com a praia à mostra.Sorrio canções e você entende; escalamos a taça dormimos as vestes e vemos a terra de longe.E o Mal desiste.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

velho caderno de poesia__janela 1:am

Eu vi a beleza como estrela menina
posada no cume de um prédio solto
na madrugada vaga-lumes cristais

Eu vi a beleza bailarina serena
Vibrando no alto de um andar vivo
Sob o mantra da noite uivante


Eu vi a beleza fruta reluzindo
No topo cintilante da montanha mágica
Entre o oceano de torres admiradas

Eu via beleza oculta outrora
Insinuando seu brilho à minha retina
Lembrando a verdade primeira

Eu vi a beleza simples indecifrável
Renascer meu espírito
Em seu sempre SIM

De uma estrada Real...

O automóvel geme nervoso vencendo as curvas de quilombos revelados
Milenares montanhas observam os viajantes longínquos
Bustos verdes magníficos recortam os campos azuis sob suas cabeleiras vastas
- cabelos selvagens de pensamentos verticais-
a tarde sopra o sonho do Sol
Cada casa distante abriga uma vereda esquecida, entoam a prece serena do não tempo
Preta véia descascando laranja sentada as portas do paraíso vendo a tarde cair, olha mansa pras vaca e pras galinha:
– Antes por essas estrada eram os viajante de além mar em busca do ouro...vocêis menino novo precisa vê que o tesouro não está escondido
Os viajantes rumam ao coração central
A estrada encontra caminhos entre as rochas nas mentes vagantes contra o calor da estação
Pontes de concreto se comovem diante da esperança brotada dos vastos pastos
....e derrepente vacas no meio da pista
No livro sagrado do olhar bovino a natureza debocha de nossa máquina obsoleta; Deusa adorada de terras distantes, amante solar degetora de delírios azulados, que falta sinto de vê-las sem saber
A estrada segue as eras
Curvas refletidas passaredos aleatórios ao sem lugar
A serra sorri; a rocha chora
Amantes da paisagem seguem o rastro das Geraes em busca da aventura sublime
A morena estrela do porvir samba velada na curva, chacoalha o automóvel
Canções jorram pela janela e inventam o dia
Para onde vão os viajantes não é sabido
Buscam a emoção e a fertilidade
Almejam o encontro profanador da normose federativa; a cura para a enxaqueca dos dias úteis.
Preta veia continua:
- Cada momento é rico se os fio soube dize sim.Tá na estrada é pra segui, pois então.O caminho qué os fio, os fio tem que quere o caminho.
Natureza convida, os viajantes prosseguem
Para dentro da tela multicolorida, inspirados por tudo que vibra.
A estrada de todos os dias é o alento da paisagem das horas
Caminhar é chegar, alcançar é seguir, sempre seguir.
A preta ensina:
- Se as coisa tivesse fim o mundo ficaria veio. A juventude tá em não chega, por isso os rio tão sempre sorrindo, as nuvi tão sempre sorrindo , os passarinho sempre cantando.
A lua cheia ganha o céu e a estrada se ilumina aos inúmeros olhos da noite.
Preta veia da adeus
Os viajantes se fitam em cumplicidade e deslumbre
O fogo acena em seus olhares

terça-feira, 15 de junho de 2010

velho caderno de poesia__Oração anti-torpor

"Esses sim, os sonhos por haver,
é que são o cadáver"
Pessoa



Dá-me um beijo
Não me deixe
Meu desejo
Dá-me um beijo

Dá-me o pão
De ilusão
Coração
Grão em grão

Dá-me a dor
E o calor
De um verão
Sem sombra

Dá-me a honra
E o horror
Desse amor
Seja lá como for

Só não se apague
Nem me negue
Sonho
Que me navegue

velho caderno de poesia #2637

Vivemos no tempo do amor
amor ardente
os dias se fazem noites
e as noites
consentem
o sentimento aflora
o tempo para
vivemos no tempo do amor
pela razão que for
a vontade brota de todos os lados
a vida chora e ginga
e nós
aqui
presentes
queremos
viver esse amor
é como uma espada
em nosso pescoço
esse amor
brota do nada

velho caderno de poesia #1032

Tudo de perigoso vem do coração
Tudo que nos alcança
Tudo que em nós age
Toda prova, toda passagem

Tudo de perigoso vem da experiência
que nos abate e nos transforma
Até o momento do gozo
Além do limite da forma

Tudo de perigoso vem da travessia
Da tensão
Entre a vida e a morte
Extrema sorte
da Paixão

Para que algo nos toque
De tal maneira invulgar
Para que o Ser nos alcance
Bem devagar
Atentos e lentos
Suspensos
No Ar

Para que tudo esteja
Por um fio
Para que a vida nos tome
E de nós se apodere
O risco e o riso
De quem joga
por jogar

novo caderno de poesia #1001

Sala do olhar Bladerunner, alta gravidade dos bares.Drinks, links, Clicks...Teu rosto na lua clara sob o céu carbono salpicado de faróis e cidades. A flor desejo dourada canta ao arcanjo saxofone, lugar comum de todos os boxers.
Girassóis da última madrugada, para onde ? Se as esquinas da cidade desenham teu corpo, se as sirenes emulam teu gozo, se a fina malha que desaba contrasta o teu fluido morno.Dançar a dança fatal com a sombra das estrelas que se apagaram(?), encenar o baile do pó, a orquestra do nada (?)
Noite rolante sob meus pés e mais rápido.Eras gloriosas que se foram junto aos letreiros; sky lazers, runner labs,lead lovers. Balada louca dos faraós e a torre de seios magnífica massacrando o horizonte, bocas pelas laterais, delirum`s core, inferno azul. Na camisa de alguém um vale e um slogan me abraçam; Parajuquiguaratubarosa. Veado campeiro com a manha atravessando os chifres.Rio da primeira infância, quando foi que te derramei Martini?