sábado, 12 de outubro de 2013


also sprach Zarathustra


descuidados

   ela é uma mulher                     zombeteiros
                 assim nos quer a         descuidados
sabedoria                ela é uma mulher
                    ela ama somente um                            poesia
  música                            violentos
                                                           violentos
                   sabedoria                      ela é uma mulher
ela ama somente um guerreiro          poesia
   
          violentos       assim nos quer a

ela é uma mulher   

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Desde já, eu me afasto das mulheres frias

afasto-me  delas

das áridas, das amortecidas;  das sem perfume

das sovinas, das astutas; das de canela amarrada

das inóspitas, das inertes, das calculistas, das pudicas

das de olhar farpado, das de boca seca

das pérfidas de tromba; das bruacas, das moribundas

das sem ouvido musical, das de pele de cobra

das cronicamente insatisfeitas, das fora de alcance

das abelhudas, das de hálito polar

das de cabelo de serpente

Afasto-me delas, para ficar com as que me querem e me recebem radiantes

elas, descendentes da terra mesma

de pele tropical e  lábios líquidos; veladas e cintilantes

femininas, alegres; soberanas, fortes

elas, de coração tranqüilo e vibrante

de volúpia pausada e gesto afirmativo

de inteligência aguda e movimentos ritmados

gratuitas, curiosas, presentes, despertas

elas, que sabem desejar e obter

que tem ouvidos pra poesia

explícitas, corpóreas, sensacionistas, elétricas

doces e maliciosas; elas, por quem rogo à sorte

para que se coloquem em meu caminho.


quarta-feira, 19 de junho de 2013

MANIFESTO PELA BELEZA DAS RUAS TOMADAS

Por isso, dizemos: atentem para a beleza das ruas tomadas, 
porque quando o povo anônimo toma de assalto o espaço das máquinas, 
quando inverte a direção das vias com passos vibrantes, 
quando canta mais alto que as buzinas e os motores , 
uma nova coloração toma o ar e o futuro se ilumina no ventre das moças.
As ruas tomadas são belas porque harmonizam o canto impossível das distancias conjugadas nos semáforos, a dor secreta dos corações guardados nas guaritas.
As ruas tomadas, quando nascem , dobram a lamúria das esquinas e fundam o perfume das árvores centenárias.
As ruas tomadas, refletidas às vezes em vidraças estilhaçadas, criam novas geometrias humanas ,
 reinventam a imagem do desejo na desordem erótica das calçadas ardentes.
O povo na rua expurga o veneno da usura dos dias úteis e afirma o passo estético, o passo político; 
o encontro afirmativo dos corpos em estado de presença.
As ruas tomadas, pelas pessoas de todos os dias, 
projetadas em nenhum lugar senão nelas mesmas, em seus outros, em seus mesmos.

Por isso, dizemos: atentem para esta beleza.

sexta-feira, 5 de abril de 2013


Tesão
tua calcinha 
   caiu 
   do 
mancebo
   no chão

quarta-feira, 6 de março de 2013

São Paulo atrás das grades, sob o céu beijado de torres
  antenas, avenidas e arranha céus
          triste torpe em automóveis multicor 
tossem roucos pelas artérias de fuligem
coronéis de batina e óculos 3D recitam versos para
                  crianças em coroas de espinho
longos uivos de cometas cortando a paisagem a 200Km por                                hora
   deuses pagãos pedindo emprego, maltrapilhos por um par de
       cochas juvenis
cadáveres rápidos cruzam alamedas batendo continência com
          olhos de silício
             bem longe um motoboy pula corda na varanda da lua
São Paulo masmorra do poeta xamã, derrama a tua cachoeira
sobre as pontes que te doem e vomita teu canto anarquista nas
                                       costas das árvores que te restam

sábado, 23 de fevereiro de 2013


 metrô e glória

navego gago
entre cadáveres e fotos 3x4
beirando o parapeito
avenidas de enxofre rezam missas de alto-falantes
                                      pelas extremidades
contemplo ocos caixotes de bonecos com sorriso         
                            me dando as mãos de tesoura
papiros cintilantes se oferecem como virgens apertadas em
                                                        multidões de latinhas
fito rostos vazios, corpos ocos de gravata
mulheres vestidas de super mercado
das muralhas brotam vozes demiurgas de comando
                                      que extremecem o peito
mas sigo blindado na flor

blindado na flor

na

flor;

         pela vitória de teus
     beijos refletidos nos
                   transeuntes
       pela promessa
                   de tua
         pele branca
pelo verão
de tuas
    cochas em movimentos rápidos
  pela pharmácia
de teu
 perfume
   pelo santo ofício
de morrer
              dentro-ti

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Lavabo

Louça lúgubre , imovediça
eletristática
tristesplêndida 
diante do
lago chora tuas lágrimas
de mercúrio
circunspecta em teu altar
de gelo industrial

feminina pia
iodélica
oceano vertical de sensações
aquosas
ovula silenciosa teu
beijo gelado 
pela manhã primaveril



terça-feira, 22 de janeiro de 2013


Lua anarquista
larga teus cachos
nesta canção
prisioneira ainda

Lua anarquista, lua minha
me ensina a tua música
tua mística
de exceção

Lua anarquista
lua, lua
sempre nova, sempre a mesma
teu segredo
tua febre
não é ordem
nem conquista



Na montanha, no deserto, na foz
no topázio, na caatinga, na brisa
no estreito, na colina, no raio
na savana, no carvalho, na praia
na lua, na neve
no vale, na nuvem
no lodo, no lodo
na tulipa, na cratera, no condor
no cometa, na aurora boreal
na montanha, no rochedo, no trovão
no cruzeiro, no delta, no atol
na prata, no cobre
no ar, na gaivota, no sol
na calda do pavão
na ostra
na estepe
no abismo
no lado escuro da lua
nas infinitas distâncias

toca um telefone

Semeamos o quarto selvagem
cúmplices
da fruta servida pelas aves de longe
e de perto
da caridade das flores
alugamos a maça e a garça
dormimos na concha, próximos ao
rochedo que enfrenta o mar
montamos bestas raras
de chifres e olhar de pássaro
sobre cavalos
conjugados corações em festa
do lado esquerdo aves contemplam
admiradas, enquanto o casal baila
com a água na cintura
a mulher pirâmide
dá o fruto vermelho
atravessado
do outono
as samambaias também
cantam
transfiguradas
rente ao rio
o quati e o bode
afilhado dos deuses de chifre
sonha a paisagem prenhe
de fúria e esplendor
dos que copulam
o outro lado
da terra roxa

domingo, 20 de janeiro de 2013

Luar Zen Cocaína

espelho & chicote


me castiga


me ilumina