Desde já, eu me afasto das mulheres frias
afasto-me delas
das áridas, das amortecidas;
das sem perfume
das sovinas, das astutas; das de canela amarrada
das inóspitas, das inertes, das calculistas, das pudicas
das de olhar farpado, das de boca seca
das pérfidas de tromba; das bruacas, das moribundas
das sem ouvido musical, das de pele de cobra
das cronicamente insatisfeitas, das fora de alcance
das abelhudas, das de hálito polar
das de cabelo de serpente
Afasto-me delas, para ficar com as que me querem e me
recebem radiantes
elas, descendentes da terra mesma
de pele tropical e
lábios líquidos; veladas e cintilantes
femininas, alegres; soberanas, fortes
elas, de coração tranqüilo e vibrante
de volúpia pausada e gesto afirmativo
de inteligência aguda e movimentos ritmados
gratuitas, curiosas, presentes, despertas
elas, que sabem desejar e obter
que tem ouvidos pra poesia
explícitas, corpóreas, sensacionistas, elétricas
doces e maliciosas; elas, por quem rogo à sorte
para que se coloquem em meu caminho.
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